Novos poetas: A era digital e sua influência sobre a literatura contemporânea.
Por: Luis Augusto Do Carmo
Em meio à fluidez da modernidade, surge uma nova geração de poetas, cujas palavras ecoam com uma ressonância singular, capturando os anseios e inquietudes de uma nova geração de escritores.
No cenário literário contemporâneo, as plataformas de auto publicação como Editoras independentes, revistas online, sites especializados em literatura tem a cada dia democratizando mais o acesso às palavras.
Essa crescente da diversidade de conteúdos não apenas oferece oportunidades para autores que estejam iniciando suas carreiras, como também uma diversidade de conteúdos onde os leitores tenham acesso a textos que ressoam com seus gostos e experiencias pessoais. Surgem e proliferam plataformas dedicadas à publicação de trabalhos literários, como de Wattpad, Amazon, Sweek, Inkspired, entre outros sites especializados, determinantes no processo de universalização do acesso, impactando diretamente a forma de descentralizar a literatura, deixando o leitor cada vez mais próximo. “A democratização da auto publicação proporcionada pela internet é fantástica! Como autor, usei muitas dessas ferramentas, das quais gosto muito, mas dois problemas me incomodavam: primeiro, os próprios autores são responsáveis pelo processo editorial, como revisão, edição, etc., mas nem sempre têm como contar com isso. Então obras com um potencial incrível acabam publicadas em versões medíocres, abaixo do seu potencial; o outro problema, efeito colateral inevitável de tanta gente publicando sem esse apoio, é a dificuldade de se encontrar boa leitura nesse mar de obras.” Relata Pablo Gomes, idealizador e Coordenador do Projeto Literatura Errante.
A “uberização das palavras” é umas das questões que afetam cenário literário
contemporâneo. Neste fenômeno, o autor é submetido à acumulação de tarefas de natureza editorial, enquanto editoras/gráficas ficam com apenas com a obrigação de imprimir a demanda comprada pelo autor, ganhando entre 10% e 70% de cada unidade, sendo muitas vezes o autor responsável por bancar o envio dos exemplares adquiridos. É um modo das editoras/gráficas terem lucros, enquanto sucateiam o processo editorial, ficando encarregadas de realizar apenas a impressão da demanda do autor.
Em outro aspecto da auto publicação digital, o surgimento de revistas e sites especializados como a literatura errante, Perpétua revista, entre outros sites especializados, oferecem oportunidades para que autores tenham uma experiência editorial completa. Realizando revisões, edições e ilustrações, é possível oferecer uma qualidade tanto ao autor quanto ao pessoal envolvido na produção de um texto de qualidade. “Idealizei o Literatura Errante pensando nesses desafios: manter a democratização, com a gratuidade da publicação e da leitura, mas assegurando um processo editorial mínimo. No Literatura Errante, uma equipe de voluntários revisa, edita e ilustra os textos, conversa com os autores sobre possíveis aprimoramentos e, assim, o leitor tem acesso a uma leitura de alta qualidade, enquanto o autor ou autora uma visibilidade mais positiva. É uma estrutura difícil de manter, então temos nossos altos e baixos, mas vale todos os sacrifícios realizados!”, Pablo Gomes, idealizador e Coordenador do Projeto Literatura Errante.
Com toda essa agitação no cenário literário, surgem novos talentos que surgem dessas plataformas, trazendo consigo origens próprias, com vozes poderosas, que, apesar de estarem no início de suas carreiras literárias, trazem uma bagagem de experiências enriquecedoras, o que contribui para o fortalecimento do cenário literário. Entre os expoentes dessa nova geração, escolhemos duas escritoras que se destacam por sua maturidade e habilidade na arte da escrita.
Natyelle Lorrana Soares, 17 anos, emergiu como uma voz promissora com o lançamento de seu livro primeiro “Brotar da Poesia”, publicado em 16 de agosto de 2022 pela editora “O Meu Livro Publicado”. Em sua obra, Natyelle revela uma grande sensibilidade, explorando reflexões profundas sobre a condição humana.
Como foi publicar seu primeiro livro? “No começo eu pensava em apenas algo digital, para que meus poemas chegassem ao público de forma mais fácil e mais organizados para quem quisesse ler. Passei um tempo buscando ajuda até que meu querido professor/orientador Lenilson Lima me incentivou a publicar um livro com todos os meus poemas fisicamente, me ajudando com patrocínio, editora e tudo mais.” As novas tecnologias (Instagram, Facebook, Twitter, entre outros…) te influenciaram ou até mesmo impulsionaram teu trabalho literário para o publico-alvo? “Com toda certeza, assisti (a) vídeos de autores de poemas incríveis que sempre me mostraram e me ensinaram muito sobre como me inspirar e me impulsionar na internet. Acredito que sem as tecnologias comunicacionais eu não teria publicado um livro.” E hoje, como você usa as redes em função da sua arte? “Hoje em dia, usar as redes sociais em função da arte tem seus lados positivos e negativos. Infelizmente os lados negativos, como insegurança, falta de reconhecimento e pouco resultado, mesmo trabalhando constantemente desmotiva um pouco, sabe? Mas os pontos positivos sempre estão sendo alcançados assim que possível, como minha arte chegando em muitas pessoas de outros lugares e dentre outros resultados que me fazem usar e estudar as redes sociais diariamente em função da minha arte.” Onde encontramos sua obra literária? “Para tristeza e cobrança de muitos, minha primeira obra não está mais a venda, mas você pode encontrar ela nas escolas municipais de Gravatá ou no meu Instagram (sempre tem pedacinhos dela lá) @natyellsoares. Mas, para alegria e conquistas de muitos, minha nova obra já está no forno, então já me siga no Instagram para não perder essa oportunidade!”
E a Poeta Cleyciane Santos, 18 anos, surpreendeu o mundo literário com o lançamento de seu segundo livro, intitulado “A Sociedade Literária e os Poetas em Pânico”, que chegou às prateleiras em 3 de abril de 2022, pela editora “UIClap”. Nesta obra, Cleyciane demonstra uma habilidade narrativa excepcional, leva ao leitor os questionamentos mais fundos da alma.
Então Cleyciane, como foi que você entrou na literatura? “Estava no auge da pandemia do COVID-19 e precisei me refugiar em algo, foi aí que encontrei minha paixão pelas poesias e cordéis.” Como você usou as plataformas digitais para impulsionar a criação e a venda dos seus livros? “No início foi bem difícil, tive que pesquisar bastante para conseguir uma plataforma de auto publicação confiável.” O punk tem a estética de faça você mesmo, e vejo que no meio do mundo da publicação independente, também tem essa pegada do faça você mesmo. “Sim, verdade! Me virei com o que tinha e fiz dar certo! Eu só tinha 15 anos e sem nenhuma experiência nesse ramo de diagramação, revisão e tudo mais, e quando me vi estava publicando um livro lindo e repleto de poesias e ilustrações que nem eu mesma acreditei que podia fazer.
” Você teve alguma ajuda nesse período? “Sim, tive ajuda de uma amiga chamada Sofia, ela mora em BH, nunca nos vimos pessoalmente, mas nos conhecemos há bastante tempo.” Ela foi sua primeira parceira no mundo literário? “Sim, isso mesmo! Ela confiou no meu sonho e fez dar certo junto comigo, mesmo com a distância!!” E hoje como você usa a internet para divulgar seus novos trabalhos literários? “Uso a plataforma do Instagram para divulgar meu trabalho, faço vídeos e posts que mostram minhas poesias e alguns cordéis que também escrevo.” Tem algum trabalho em andamento? “Estou planejando meu terceiro livro para completar a trilogia de “A Diversidade de uma mente Poética” (que é como se chama meu primeiro livro), fechando o ciclo dos poemas diversos.” Onde encontramos suas obras? “Minhas obras estão na plataforma da Uiclap, o link de acesso está na minha bio do Instagram @cleyciane_.santos e o meu primeiro livro esta disponivel no Amazon
À medida que a tecnologia continua a avançar, é fascinante contemplar o futuro da literatura e imaginar a profusão de novos talentos que surgirão. Dentro dessas plataformas digitais, podemos antever uma verdadeira eflorescência de vozes singulares narrativas diversas e visões de mundo particulares.
Esses jovens poetas, ao compartilharem os acontecimentos de suas “aldeias internas”, transcendem fronteiras físicas e temporais, conectando-se com leitores de todas as partes do mundo. Ao fazê-lo, não apenas expandem os horizontes da literatura, mas também desempenham um papel crucial na democratização do acesso à leitura e à escrita. Demonstram que a paixão pela escrita é uma força poderosa, capaz de unir pessoas de diferentes origens e culturas em torno de histórias e ideias compartilhadas.
À medida que novos talentos emergem e novas histórias são contadas, somos lembrados do poder transformador da palavra escrita e da grande capacidade da imaginação humana. Que este futuro seja não apenas emocionante, mas também inspirador, guiado pelo desejo contínuo de explorar e compartilhar as infinitas facetas da experiência humana.
Essa matéria foi produzida pelo jornalista Luis Augusto do Carmo
Natural de Gravatá, agreste pernambucano, ator, produtor cultural e escritor. Escreve versos desde a infância, influenciado pela família, mas entrou de cabeça mesmo na literatura quando largou a faculdade de ciências contábeis e começou a frequentar os saraus. Hoje ele se dedica a escrever seus textos e a produzir eventos culturais na região, preservando espaços de cultura de resistência.
Edição por Luis Augusto do Carmo
Revisão por Pablo Gomes
Matéria por Luis Augusto do Carmo
Fotos do arquivo pessoal das entrevistadas.