Em 2024, a violência contra jornalistas ultrapassou limites alarmantes, com 72 mortes confirmadas pela CPJ (Committee to Protect Journalists), a maioria em zonas de conflito. Este cenário, que transcende tragédias individuais, configura uma ameaça crescente à democracia e à liberdade de expressão.
Segundo o relatório da CPJ, os locais com maior violência contra profissionais da comunicação incluem territórios palestinos ocupados por Israel, onde ocorreram 64 mortes de jornalistas e 4 de outros profissionais de mídia. Exemplos emblemáticos incluem o
fotojornalista Abdallah Ivad Breis, de 26 anos, do canal educacional Rawafed, morto em um ataque aéreo israelense em sua casa em Khan Yunis, no sul de Gaza; e o jornalista Ismail Al Ghoul, de 27 anos, da TV árabe Al Jazeera, morto em um ataque de drone israelense junto com seu colega Rami Al Refee ao saírem do campo de refugiados de Al Shati, perto da Cidade de Gaza. Esses profissionais simbolizam os sacrifícios daqueles que arriscam suas vidas para contar os fatos.
Os desafios são ainda mais agravados pelos casos de mortes não confirmadas. Em 2024, 9 jornalistas permanecem desaparecidos ou mortos em circunstâncias incertas. Entre eles está Roberto Carlos Figueroa, de 40 anos, do Notiface, sequestrado e encontrado morto em 26 de abril de 2024 dentro de seu veículo em Coajomulco, ao norte da capital do estado de Morelos, Cuernavaca. No dia de seu sequestro e assassinato, Figueroa postou um vídeo no “Acá en el Show”, anunciando que tinha informações sobre corrupção envolvendo candidatos às próximas eleições estaduais e federais de 2 de junho. Outro caso é o do jornalista paquistanês Nisar Lehri, atacado por três agressores desconhecidos perto de sua casa na área de Gulkand, no distrito de Mastung, província de Baluchistão. Embora o CPJ relate que Lehri foi morto por suas reportagens sobre elementos criminosos locais, a investigação inicial da polícia sugere que o motivo foi uma disputa de terras. Esses exemplos evidenciam as dificuldades de investigar crimes em regiões marcadas pela violência e pela falta de estruturas estatais robustas.
Além disso, trabalhadores da mídia, que oferecem suporte operacional ao jornalismo, também são frequentemente alvos. Em 2024, houve 8 mortes registradas entre esses profissionais. Aladdin Ali Mohamed, diretor de programa da estação de rádio estatal local Wad Madani, morreu em um ataque armado do grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF) em 22 de junho de 2024, em Asir, uma cidade no sul do estado de Al Jazirah. Dois jornalistas locais acreditam que Mohamed foi alvo por seu trabalho, mas não há detalhes confirmados. Outro caso é o de Mohamed Adel Abu Skheil, editor e designer gráfico da agência Shms News e da Al-Aqsa Voice Radio, morto por balas israelenses em 28 de março de 2024, quando o exército israelense invadiu o complexo hospitalar Al-Shifa na Cidade de Gaza. Esses casos ilustram a vulnerabilidade desses profissionais, muitas vezes esquecidos nas discussões sobre a segurança da imprensa.
A escalada de violência contra jornalistas representa uma grave ameaça à liberdade de imprensa e, por extensão, às democracias globais. Sem um fluxo livre de informações e sem a presença de vozes críticas e independentes, sociedades correm o risco de serem manipuladas por narrativas autoritárias. É crucial que a comunidade internacional tome medidas concretas: reforçar a segurança em zonas de conflito, exigir investigações rigorosas e responsabilizar os culpados. Proteger jornalistas é garantir que a verdade prevaleça.
Essa matéria foi produzida pelo jornalista Luis Augusto do Carmo
Natural de Gravatá, agreste pernambucano, ator, produtor cultural e escritor. Escreve versos desde a infância, influenciado pela família, mas entrou de cabeça mesmo na literatura quando largou a faculdade de ciências contábeis e começou a frequentar os saraus. Hoje ele se dedica a escrever seus textos e a produzir eventos culturais na região, preservando espaços de cultura de resistência.
Edição por: Luis Augusto do Carmo
Revisão por: Luis Augusto do Carmo
Matéria por: Luis Augusto do Carmo
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