Entre Linhas -Machismo na Literatura: Desvelando o silenciamento das mulheres por mulheres

Machismo na literatura: desvelando o silenciamento das mulheres.

Por: Luis Augusto do Carmo

 

Ao longo da história da escrita, vozes de mulheres foram sistematicamente silenciadas, ignoradas ou diminuídas pela narrativa literária dominante.

Na Europa do século 18, a escrita feminina era frequentemente limitada a gêneros considerados apropriados para mulheres, como cartas diários e poesia sentimental. Embora algumas mulheres tenham alcançados reconhecimento como escritoras, como Mary Astell, Eliza Haywood e Charlotte Lennox, entre outras escritoras que muitas vezes enfrentavam barreiras sociais e institucionais para publicar suas obras. Além disso, a crítica literária da época tendia a desvalorizar o trabalho produzido por mulheres, muitas vezes considerando inferior em relação aos dos homens.

 

Eliza Haywood     

 

Charlote Lennox  
MARY ASTELL 

Poeta e Poetisa

A evolução da escrita, como de toda sociedade, vem de manifestações do próprio setor cultural, coisas que eram aceitas na década de 90, hoje não são mais toleradas. Os termos “poetas” e “poetisas” sempre foram utilizados para distinguir o gênero do autor. No entanto, com a modernidade, e com os movimentos da própria classe artística, o termo “poeta” começou a ser usado para ambos os sexos, visto que essa distinção sempre carregou um peso discriminatório
para diminuir o trabalho literário das poetas mulheres. A escritora e doutora em estudos literário,
Adrienne Savazoni, falou em sua coluna no site Vermelho que “As palavras não são criadas arbitrariamente. Elas têm relação direta com a construção. Nomear é inserir uma concepção de mundo ao objeto nomeado. Por essa razão, é preciso questionar a origem da palavra “poetisa”, que não saiu do nada e carrega um contexto histórico e político de exclusão e diferenciação em sua raiz. (Leia a matéria completa)

Ao abandonar o uso de ‘poetisa” em favor de “poeta” para se referir a indivíduos de ambos os sexos, estamos não apenas promovendo uma linguagem mais inclusiva e igualitária, mas também desafiando e desmantelando estruturas de exclusão e diferenciação baseadas no gênero. Essa mudança não é apenas uma questão de moda ou conveniência, mas sim uma manifestação concreta da evolução da sociedade e da busca por uma linguagem que reflita e promova valores de igualdade, respeito e inclusão.

A história da literatura brasileira é permeada por diversas problemáticas relacionadas à representatividade e ao reconhecimento das contribuições das mulheres. O caso de Júlia Lopes de Almeida na Academia Brasileira de Letras (ABL) é um exemplo emblemático dessa

questão.

Apesar de ter sido uma figura proeminente no cenário literário da época, participando ativamente das reuniões de criação da instituição, Júlia Lopes de Almeida foi esquecida por seus contemporâneos. Somente após quase oitenta anos da fundação da academia, em 04 de agosto de 1977, que a escritora Rachel de Queiroz, primeira mulher foi aceita a ingressar na ABL. Essa Marco histórico, destaca não a apenas a sub-representação das mulheres na academia, mas também a demora resistência em contribuições literárias.

Outro caso que reflete outra problemática causada pelo machismo literário, é o da Carolina Maria de Jesus, uma das escritoras negras mais importantes da literatura brasileira. Que apesar de apenas ter dois anos de estudo formal, tornou-se escritora e ficou nacionalmente conhecida em 1960, com a publicação de seu livro Quarto de despejo: diário de uma favelada, no qual relatou o seu dia a dia na favela do Canindé, na cidade de São Paulo.

No entanto, apesar de sua popularidade entre o público em geral, Carolina Maria de jesus enfrentou significativo preconceito por parte da elite literária. Muitos críticos e acadêmicos olharam com desdém para seu trabalho, menosprezando como literatura de qualidade inferior devido seu gênero, cor, origem humilde e ao estilo simples e direto de escrita.

Isso pode parecer pouco irrelevante, comparado com toda a pressão do machismo dentro do nicho, onde o principal que era pra ser expressão das palavras, é trocado pra quem está expressando-as. Como combater esse ciclo, que não parece ter fim? Em 2014, a autora e ilustradora inglesa Joanna Walsh popularizou nas redes sociais a #readwomen2014, um projeto pessoal da escritora que consistia em ampliar seu contato com a produção de mulheres na literatura. O projeto teve um impacto tão imenso no meio literário, que em 2015, aqui no brasil, inspirado pelo

movimento virtual que o projeto da escritora inglesa, que Juliana Gomes convidou suas amigas Juliana Leueroth e Michelle Henriques a transformar a campanha em clubes de leitura em São Paulo.

Juliana Leuenroth, coordenadora do projeto, afirma em sua entrevista para a revista Elite que “As mulheres são menos publicadas. Quando conseguem ser publicadas, são menos divulgadas, menos premiadas, menos reconhecidas”. Um projeto que começou com o encontro de amigas com interesses comuns: Feminismo, Paixão pela literatura, e desejo pela transformação. Completou em março de 2024, nove anos de luta e resistência.

Enquanto surgir mais iniciativas como o Leia Mulheres, Movimentos para ressignificar os meios literários, entre outros que percorrem os círculos literários do país e do mundo, mais que iremos vê essa mudança, e o enaltecimento de mulheres como a Carolina maria de jesus, a Juliana Lopes e tantas outras que revolucionaram nosso mundo.

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