Revista Poesias e Cartas

Precisamos desacelerar por Johnny Ribeiro

Chegamos ao meio do ano, um ano que está passando rápido. Ainda não deu tempo da gente fazer aquilo que gostaríamos. O mundo está girando em uma velocidade maior que o normal, e nós estamos em uma luta dura para dar tempo de realizar tudo aquilo que queremos.
A nossa vida está sempre corrida, e muitas vezes deixamos de fazer algo por falta de tempo. Só 24 horas em um dia têm sido muito curtas. Estamos presos ao trabalho, e não digo só às pessoas que são CLT; os autônomos também correm para conseguir faturar bem, em meio à rapidez com que os dias estão passando. Podemos até dizer que está faltando uma hora no dia, ou mais. O comércio, por exemplo, precisa funcionar 24 horas.
Temos que viver mais e desacelerar, parar de ficar pensando tanto em trabalho, contas e dinheiro. Devemos aproveitar as pequenas coisas que a vida nos oferece. Afinal, o que levamos deste mundo?
Então, vamos desacelerar e respirar. Mesmo que o mundo esteja corrido, que as horas passem como minutos, precisamos focar em cuidar de nós e tentar deixar uma boa imagem de quem fomos para as pessoas.

Afinal, vivemos cada vez menos um dia, e doamos sempre mais um dia.

Menos um ou mais um?

Hoje acordei pensando:
Será que vivo mais um dia,
Ou será que é menos um?
Olhei no espelho refletindo
As mudanças da vida.

A minha aparência não é mais a mesma de 20 anos atrás,
Meus cabelos são poucos,
E não tenho mais a juba de leão.
Meus olhos não são de águia,
Uso fundo de garrafa para enxergar.

Eu bebia só cerveja, e hoje sou total flex:
Whisky, vodka, vinho e companhia.
Será que tô vivendo menos,
Ou trabalhando demais?

Minha conta bancária é um fracasso,
Acho que preciso viajar mais,
Quem sabe, Nordeste?
Ou Sul?

Menos um dia para viver,
E mais um dia para ser feliz.
Deveria ser assim, né?
Mas na correria cotidiana,
É menos um dia que não se descansa,
E mais um dia que se cansa.

Johnny Ribeiro

Através do Caleidoscópio
Por Carlos Lopes

No giro de hoje, ” O vício nem sempre começa pela substância. Às vezes, começa pelo vazio.”

Entre o alívio e o abismo
Era um desses dias em que o céu se estende como um grande lençol cinza sobre a cidade, cobrindo os becos, os bairros nobres e os rostos cansados que dividem a mesma atmosfera. Caminhando por uma avenida central, observei um grupo de jovens sentados na praça. Riam alto, mas seus olhos guardavam silêncios. Entre eles, um garoto não devia ter mais que 14 anos. Girava entre os dedos um cigarro enrolado à mão, como quem procura respostas em espirais de fumaça. Não havia ali cena de escândalo, só o retrato banal de um país que convive, há décadas, com a presença silenciosa e onipresente das drogas.
Falar de drogas é falar de gente. De histórias, medos, escolhas e contextos. Não é possível tratar o tema apenas com slogans de campanhas ou com palavras que demonizam o usuário, como se tudo se resumisse à fraqueza de caráter. A substância química, por si, não tem juízo de valor. O que fazemos com ela — e o que ela faz conosco — depende de uma intrincada rede de fatores sociais, políticos e psicológicos.
No aspecto social, não se pode ignorar que, em muitas comunidades, o tráfico ocupa o espaço deixado pelo Estado. É onde a droga se torna moeda, refúgio, poder. Nas periferias, o comércio de entorpecentes atrai não só pela promessa de dinheiro fácil, mas pela ausência de outras promessas. A falta de escolas estruturadas, de acesso à saúde mental, de espaços culturais e esportivos vai empurrando meninos e meninas para realidades que, embora perigosas, parecem ser as únicas disponíveis.
Politicamente, o debate sobre a descriminalização e uso controlado de certas substâncias se intensificou nas últimas décadas. Em alguns países, como Portugal e Uruguai, o uso foi descriminalizado com foco em políticas públicas de saúde, e não em repressão. No Brasil, ainda trilhamos entre o punitivismo e a tentativa de regulação. Há avanços no uso medicinal de derivados da cannabis, por exemplo, especialmente no tratamento de epilepsias refratárias, dores crônicas e distúrbios de ansiedade. Mas ainda há resistência, muita desinformação e entraves burocráticos que distanciam famílias daquilo que poderia representar qualidade de vida.


Do ponto de vista psicológico, o uso de substâncias psicoativas — lícitas ou ilícitas — envolve uma complexa relação com o prazer, a dor, o vazio. Em excesso, a droga não é o problema em si, mas o sintoma. Sintoma de uma dor profunda, de um desencaixe com o mundo, de um desejo inconsciente de silenciar ruídos internos. Adolescentes, em especial, são mais vulneráveis. Estão em fase de construção da identidade, testando limites, e muitas vezes usam drogas como tentativa de pertencimento, de coragem ou de anestesia. Já vi jovens que começaram com álcool aos 12 anos para lidar com a solidão, com a pressão de ser o melhor, com a ausência dos pais.
E aqui cabe uma reflexão delicada, mas necessária: e quando os pais também usam? Quando o exemplo em casa é confuso ou ambíguo? Quando a bebida está sempre presente na mesa, quando o ansiolítico é usado como bengala diária, quando o cigarro é naturalizado como válvula de escape? A criança cresce aprendendo que, para aliviar o incômodo, existe um atalho. E esse atalho pode se tornar vício, dependência, doença.
Mas este texto não é para apontar culpados. É para abrir janelas. Falar sobre drogas exige coragem para olhar para si, para os vínculos familiares, para o tipo de sociedade que estamos construindo. Uma sociedade que exige produtividade sem parar, que cobra sucesso e oferece pouco acolhimento, que mede valor pelo consumo. Nesse cenário, não surpreende que muitos se refugiem no que promete prazer imediato, mesmo que passageiro.
É preciso falar sobre drogas com honestidade. Sem tabu. Sem moralismo. Explicar aos jovens que toda substância tem efeito, e todo efeito tem consequência. Que não existe uso isento de risco. Que o uso medicinal, quando feito com orientação, pode ser legítimo e necessário, mas o uso recreativo frequente pode desregular emoções, afetar a memória, interferir nas relações, gerar dependência. Que existem saídas, mas também existem portas que, uma vez abertas, são difíceis de fechar.
Pais usuários também precisam de acolhimento. Muitos se culpam, se escondem, se calam. Mas o silêncio perpetua o ciclo. Buscar ajuda é sinal de coragem. Falar sobre o que sentem, sobre porque começaram a usar, pode ser um primeiro passo para reconstruir a própria história e proteger a dos filhos. Assim como adolescentes precisam de espaço para expressar suas angústias sem serem rotulados, para perguntar sem medo de sermões, para errar e ainda assim serem amados.
Volto à praça. O menino termina o cigarro e se junta aos amigos. Ninguém ali parece perigoso. Parecem apenas jovens tentando ser ouvidos. Talvez o que mais precisamos, diante desse tema, seja exatamente isso: escuta. Menos gritos de ordem, mais conversas reais. Menos campanhas de choque, mais empatia. Drogas não são apenas um problema individual, são um reflexo coletivo. E enfrentá-las exige, antes de tudo, humanidade.

Até o próximo giro!

Carlos Lopes
CRP 04/49834

 

MENINOS QUE ACENDEM O ESCURO

Tem menino que não fuma por moda,
mas por memória.
Fuma a ausência,
o barulho que virou silêncio em casa,
a raiva que não cabe no peito pequeno.

Tem menina que não cheira por rebeldia,
mas pra esquecer
que nunca teve colo depois do choro,
que o medo acorda com ela todos os dias,
que o mundo cobra mais do que oferece.

Esses meninos não são problema,
são sintomas.
São poemas rasgados
que ninguém quis ler.

Trocaram lanche por baseados,
colinho por corrente,
caderno por rota de fuga.

Mas no fundo, bem no fundo,
ainda querem pertencer.
Só não sabem mais onde.

Enquanto isso, a cidade passa,
e ninguém para.
A escola reprova.
A mãe ora.
O pai não volta.
E a vizinha comenta:
“Já era.”

Mas ninguém pergunta:
Quem ensinou o caminho da droga?
Quem não ouviu quando o grito era só um suspiro?
Quem não viu o vazio antes da seringa?

Meninos que acendem o escuro
não precisam de holofote.
Precisam de farol.

De alguém que sente,
sente de verdade.
Que saiba chegar sem invadir.
Ficar sem julgar.
Ouvir sem manual.

Porque às vezes,
o que salva um menino
não é a internação,
nem a intenção,
é o primeiro “tô aqui”
que veio sem condição.

Carlos Lopes, 14/05/25

Entrevista Com o Poeta por Rose Giar 

A entrevista desse mês é com uma escritora e poetisa de nome Shirley Lima, como é conhecida nas mídias sociais. Apesar de algumas participações em coletâneas, como a maioria de nossos escritores não vive do que escreve. Mas, não desiste de seu dom e prazer em escrever.

 Rose Giar: Nome completo, algum heterônimo? 
 Shirley Lima:
Shirley Pereira de Lima.
Rose Giar:  Cidade onde nasceu. Cidade onde mora, casada, tem filhos?
Shirley Lima: Nasci em São Paulo, Resido na mesma (São Paulo) Sou Solteira  / Sem Filhos.
Rose Giar: Quem é Shirley Lima?
Shirley Lima:  Sou uma pessoa completamente sonhadora, cheia de apreço pela vida, por vezes deprimida, mas sempre querendo viver o melhor de tudo ao meu redor.
Rose Giar: Sua infância, pais, como era sua vida?
Shirley Lima
: Sempre tive uma convivência muito boa com meus pais, Infelizmente perdi meu pai mas a minha mãe é o meu porto seguro.  E em relação a minha infância foi tranquila.
Rose Giar: Qual sua formação escolar e qual seu trabalho?
Shirley Lima: Ensino Médio Completo, e  atualmente trabalho como cuidadora de idosos.
Rose Giar: Quando a poesia entrou na tua vida?
Shirley Lima: Escrevo desde os meus 14 anos. Sempre gostei de rimar as palavras e com o tempo comecei a escrever poesia.
Rose Giar: Quais livros que você leu, que marcou ou te influenciou?
Shirley Lima: Sou muito fã da Clarice Lispector li vários livros dela, mas em especial o que me inspirou foi o Livro: Perto do Coração Selvagem.
Rose Giar: Cite um autor ou escritor que te inspira, porque?
Shirley Lima: Acho a Cecília Meireles maravilhosa, ela me faz ver o quanto a vida pode ser entregue em sentimentos verdadeiros.
Rose Giar: Quantos anos você tinha quando começou a escrever?
Shirley Lima: Comecei a escrever poesias no tempo da escola, escrevia para as amigas, amigos. Desde meus 14 anos que não largo a caneta e o papel.
Rose Giar: Qual seu estilo poético preferido e o que te inspira a escrever?
Shirley Lima: Meu estilo poético é romance, me inspiro principalmente quando estou bem comigo mesma, por muitas vezes quando alguém me conta o que está passando transformo em poesia.
Rose Giar: Qual a importância da Literatura na Arte para você?
Shirley Lima: Na minha opinião a literatura como forma de arte traduz e explora a cumplicidade humana sendo transmitida através de muitas emoções.

Rose Giar: O que você acha do uso da Inteligência Artificial (IA) em textos, poemas, letras de músicas?
Shirley Lima: Acho renovador, pra mim é uma extensão para uma nova reflexão, se souber usar. Se não vira uma arma em nossas mãos se não for bem utilizada.
Rose Giar: Quais são suas esperanças e desesperanças com respeito a literatura brasileira no gera l?
Shirley Lima: Plataformas digitais estão aproximando mais pessoas para a literatura. Alguns autores esquecidos estão sendo redescobertos. Em questão da desesperança muitos autores não consegue publicar e viver da escrita.
Rose Giar: Qual o papel das mulheres na literatura e você acha que elas são e foram importantes para a literatura ? Como?
Shirley Lima: O papel da mulher na literatura é dar voz às experiências, sentimentos e realidades em cada palavra, foram importantes por ampliarem os temas da literatura trazendo para elas novas expectativas.
Rose Giar: Quanto a mulher e escritora, você vê oportunidades à elas no mercado Literário?
Shirley Lima: Hoje há mais autoras sendo publicadas e livros feitos por elas estão sendo lidos mais sempre há lutas continuas para serem reconhecidas.
Rose Giar: Na sua opinião, o que o escritor ou poeta, precisa fazer pra ser bem sucedido em nosso país?
Shirley Lima: Continuar escrevendo com muita persistência, mesmo sem um ter um retorno financeiro. Acreditando em seus sonhos, tendo confiança em si mesma.
Rose Giar: E quais são as vantagens e desvantagens de participar de uma Academia Literária Virtual ou Física?
Shirley Lima: Pode até trazer reconhecimento, trocas de experiência e muitas visibilidades ajudando a divulgar seu trabalho.
Na minha opinião as desvantagens são por haver disputas por ego, não dando espaço para novas vozes.
Rose Giar: De tantos talentos que temos no meio da escrita e da poesia, tem algum que te chama mais atenção, falando agora de poetas anônimos?
Shirley Lima:  Sim, gosto muito de ler as poesias do Sérgio Vaz, a choperia e o sarau do Binho foram pra mim uma referência muito grande na minha vida.
Rose Giar: Você têm livros ou obras autorais publicadas, cite os nomes e onde podem ser adquiridos?
Shirley Lima: Tenho algumas antologias feitas pela Editora PARLE.
Rose Giar :Quais seus projetos futuros ?
Shirley Lima: Escrever o meu próprio livro com minhas poesias, frases e pensamentos. Com fé em DEUS logo todos terão em mãos para conhecerem o meu trabalho, para entenderem o que é se entregar de verdade ao que se quer.

Para quem quiser conhecer o trabalho de Shirley Lima veja seus perfis em redes sociais https://www.facebook.com/profile.php?id=100063754838731 
https://www.instagram.com/shirleylima114poesias/

1 De junho Dia da imprensa por Alladin Bambá

Liberdade de Expressão em Risco: O Dia Internacional da Imprensa e os Desafios Contemporâneos

Em um mundo marcado por conflitos, desinformação e censura, o Dia Internacional da Imprensa, celebrado em 3 de maio, emerge como um marco essencial para refletir sobre o papel fundamental da imprensa como o quarto poder — um pilar que sustenta a democracia e garante a transparência. A data, estabelecida pela ONU em 1993, ressalta a importância de uma imprensa livre e independente, capaz de fiscalizar o poder público, denunciar abusos e assegurar que a sociedade tenha acesso a informações essenciais.
Entretanto, enquanto o ideal de uma imprensa livre é exaltado, a realidade vivida por muitos profissionais da comunicação em diversas partes do mundo está longe de ser segura. Em 2024, o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) reportou um aumento alarmante no número de jornalistas assassinados no exercício de suas funções. Segundo a entidade, dezenas de repórteres foram mortos enquanto investigavam casos de corrupção, violações de direitos humanos e conflitos armados.

No Brasil, a violência contra jornalistas segue uma tendência preocupante. De acordo com a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), segundo o Relatório da Violência houve uma queda de 51,86% nos casos de violência contra jornalistas em comparação com 2022. Foram registrados 181 casos em 2023, contra 376 no ano anterior
Além dos assassinatos, jornalistas enfrentam perseguições, ameaças e processos judiciais abusivos, estratégias usadas para calar vozes críticas e inibir denúncias. Organizações internacionais, como a Repórteres Sem Fronteiras (RSF), apontam que governos autoritários têm intensificado o controle sobre a mídia, restringindo o acesso a informações e promovendo campanhas de descredibilização da imprensa.
O Dia Internacional da Imprensa, portanto, não é apenas uma celebração. É um chamado urgente à reflexão e à ação em defesa daqueles que arriscam suas vidas para expor a verdade. É um convite à sociedade para se posicionar contra a censura, exigir justiça para os crimes cometidos contra jornalistas e assegurar que o quarto poder continue cumprindo seu papel essencial na manutenção da democracia, como um bastião da verdade e da liberdade de expressão.

 

A Arte de Escrever por Luciane Cunha

Desde os primórdios, o homem sempre nutriu a necessidade de se comunicar e deixar registrado os seus acontecimentos , seus momentos e sua história.
Dos homens das cavernas, que faziam suas gravuras nas pedras , passando pelos hieróglifos dos egípcios, o sistema de escrita dos fenícios, sendo aperfeiçoado pelos gregos e romanos e, chegando aos dias atuais, percebe-se que, em todos os contextos, a evolução da escrita contribuiu ( e continua contribuindo) de forma significativa as expressões da vida .

Escrever é viver!

Viver literalmente além da imaginação. É construir pontes entre gerações, povos, culturas e conhecimentos. Esses que podem ser perpetuados.
Escrever sempre será uma forma concreta de criar oportunidades para deixar sua marca no mundo.

ARTE LITERÁRIA

A arte literária
É um som suave de uma canção que invade as portas do coração;
É uma brisa serena em noite enluarada e plena de paixão;
É um caminho florido, rodeado de amigos e boas recordações;
É um pássaro que voa nas asas da liberdade e da imaginação;
A arte literária é tudo isso e muito mais
Não há como descrever o que ela faz
É luz, é vida, é paz!

LUCIANE CUNHA

Dia 5 de junho dia do meio ambiente 

O Dia do Meio Ambiente é comemorado em 5 de junho. Essa data foi criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) para promover a conscientização sobre a importância da preservação do meio ambiente e motivar ações sustentáveis em todo o mundo.

 

História

O Dia Mundial do Meio Ambiente foi instaurado pela ONU em 1972, durante a Conferência de Estocolmo. Desde então, a data serve para destacar questões ambientais globais, como a preservação da biodiversidade, qualidade do ar e da água, mudanças climáticas e sustentabilidade.

Objetivos

  • Sensibilizar a população sobre a importância da preservação ambiental.
  • Incentivar ações individuais e coletivas para a conservação da natureza.
  • Promover debates, campanhas e atividades educativas.

Ideias para celebrar ou promover o dia:

  • Piquenique ecológico: Use utensílios reutilizáveis e evite plástico descartável.
  • Plantio de árvores: Incentive comunidades, escolas e empresas a plantarem árvores.
  • Recolhimento de lixo: Organize mutirões de limpeza em praças, praias ou parques.
  • Educação ambiental: Realize palestras, oficinas, exposições ou atividades escolares.
  • Redução do consumo: Promova campanhas para diminuir o uso de plástico, água e energia.

Penso, logo escrevo por Lirio Reluzente

Em comemoração ao dia do meio ambiente este lindo poema 

5 DE JUNHO – DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE

ECOSSINFONIA

No silêncio da floresta encantada
O eco dos suspiros se faz presente
A natureza em sua forma sagrada
Revela sua beleza envolvente

Em meio às sombras de verde esplendor
O meio ambiente pulsa em harmonia
Cada ser vivo, uma peça de valor
Na teia da vida, em perfeita sinfonia

Os rios correm límpidos e serenos
Refletindo a pureza da existência
A fauna e flora, em seus pequenos cenos
Dançam em perfeita comunhão e essência

Mas cuidado, ó ser humano distraído
Pois tu és parte deste grande quadro
Preserve a vida, não seja esquecido
O verdejante clama por teu amparo

Na luta pela preservação e cuidado
Encontremos a força para a mudança
Um futuro melhor, por todos almejado
Onde o meio ambiente encontre esperança

Que este poema seja um lembrete
Da importância de proteger e amar                                                                   
Mãe Terra, tesouro inestimável
Que devemos sempre preservar

Que a consciência desperte em cada coração
E juntos, em união, possamos agir
Para que o meio ambiente, em sua perfeição
Permaneça vivo, para sempre existir

12 de Junho dia dos namorados por Dr Love 

Manual de Sobrevivência

 

“No Episódio de hoje, “Como sobreviver ao dia 12 de junho”

Especial Dia dos Namorados

Senhoras, senhores e indecisos do coração… bom dia, boa tarde ou boa noite!
Aqui quem fala é ele, o cupido de jaleco, o psicólogo dos apaixonados, o terapeuta de relacionamentos que ninguém pediu, mas todo mundo escuta: Doutor Love!

Se você sobreviveu aos primeiros encontros, as amigas chatas e as tias segurando vela. Parabéns! Você está apto aos ensinamentos do nosso manual.
Mas agora entramos em território sagrado: o Dia dos Namorados. Um campo minado de expectativas, presentes, declarações e… decepções em potencial.

Então, respira fundo, segura na mão do bom senso e vem comigo em mais uma jornada pelo que funciona, o que falha e o que ninguém tem coragem de dizer sobre o 12 de junho.

Amor em Promoção Não é Amor com Desconto

Flores, chocolates, pelúcias e jantares com preço inflacionado. Tudo lindo. Mas cuidado para não transformar o Dia dos Namorados num desfile publicitário.
Mais vale um gesto sincero do que uma caixa de bombons parcelada em cinco vezes sem juros.
Presente bom é aquele que diz: “Eu pensei em você”, e não “Eu me endividei por obrigação.”

Declaração Ensaio Geral

Se você passou o ano inteiro sendo frio, ausente ou negligente, não espere que um buquê resolva.
O amor não vive só de data comemorativa. Ele precisa de manutenção contínua.
Uma bela declaração em um dia só emociona se for coerente com os 364 anteriores.
Não adianta escrever carta à mão no Dia dos Namorados se você passou os outros dias digitando grosseria no WhatsApp.

Postar ou Não Postar, Eis a Questão

Ah, as redes sociais… o tribunal moderno do afeto.
Mas atenção: se sua maior preocupação no Dia dos Namorados é a legenda da foto ou quantos likes o casal vai receber, talvez o relacionamento esteja mais no Instagram do que na vida real.
Valorize o momento a dois mais do que a curtida dos outros. Intimidade não precisa de filtro.

O “Jantar Perfeito” Não Compensa a Conversa Ausente

Tem gente que planeja o restaurante, escolhe o vinho, ensaia até a sobremesa…
Mas não sabe mais perguntar: “E aí, como você tem se sentido?”
O amor é mais do que o ambiente. É a escuta, é o olhar.
Uma boa conversa à luz de velas vale mais do que três pratos elaborados em um restaurante barulhento.

Comparação: O Ladrão de Relações Reais

“Mas o fulano deu um anel, e o sicrano levou a namorada pra Paris…”
Stop!
Cada relação é uma história. Comparar o seu capítulo com o final do filme do outro é receita para frustração.
Construa o que faz sentido para vocês. Nem todo casal precisa da Torre Eiffel. Às vezes, um piquenique no quintal já é o suficiente.

Surpresas São Bem-Vindas (Desde que Sejam Sobre o Amor, Não o Caos)

Quer surpreender? Faça. Mas evite aqueles exageros que viralizam, mas constrangem.
Você não precisa de balões no teto e serenata de saxofone.
Às vezes, o inesperado mora numa mensagem no meio do dia, num “hoje eu lavo a louça” ou num “me conta o que você anda sentindo”.
Surpresa boa é aquela que acolhe, não que expõe.

Fale de Amor Como Quem Constrói Ponte, Não Muro

Não espere o momento perfeito. Crie o momento possível.
Fale que ama. Agradeça. Peça desculpas. Relembre o que uniu vocês.
O Dia dos Namorados não é sobre mostrar que ama, é sobre lembrar por que ama.
Quem aprende a falar do amor nos dias comuns, não precisa gritar nos dias especiais.

E Se Você Estiver Sozinho?

Ei, ouvinte solteiro, essa parte é pra você.
O Dia dos Namorados não precisa ser uma tortura emocional.
Use a data para cuidar de si, pra reencontrar a própria companhia.
Seja seu melhor encontro antes de querer ser o de alguém.
E lembre-se: há casais que se sentem mais sozinhos do que quem dorme só. Solidão não é status, é estado — e passa.

Conclusão de um Coração Realista

O amor verdadeiro não se prova em um dia.
Mas o Dia dos Namorados pode ser uma oportunidade — não de impressionar, mas de reconectar.
É um lembrete no calendário de que amar exige presença, escuta e coragem.

Então, ame. Mas ame com verdade, com simplicidade, com intenção.
E, por favor… não escolha um presente de última hora na fila da farmácia, né?

Encerramento

Você ouviu mais um capítulo do nosso Manual de Sobrevivência do Amor, com ele, o mais doce dos amargos, o mais sincero dos cafonas, o sempre presente… Doutor Love.

Nos encontramos no próximo episódio — se o coração permitir.

 

14 de junho dia da doação de sangue por Renato Lannes Chagas 1

Doação de sangue 

Tema difícil. Importante. Difícil porque está quase sempre no passado, nunca pensado no presente e por conseguinte menos ainda, claro, no futuro. Dentro do cotidiano, quase sempre, é lembrado quando alguém vai operar na família ou pessoa conhecida e aí é necessário que tenham algumas bolsas de sangue no local aonde será realizado o procedimento. Na rotina do dia a dia, não sei dizer o local aonde seria possível fazer alguma doação nas cidades aonde moro e nas que fazem parte do trajeto diário, só sabia de unidades móveis na Cidade do Rio de Janeiro por conta de uma campanha realizada todos os anos na Rádio Band FM pelo radialista e apresentador Ricardo Boechat, infelizmente, não faz parte da nossa educação ter informações sobre locais disponíveis para realização de doações duas, três vezes que fosse ao ano. A nossa rotina diária não colabora para que isto esteja dentro daquilo que poderíamos fazer sempre. É claro, existem as exceções, contudo, entre as pessoas consultadas para elaboração deste texto as respostas foram muito semelhantes. Mesmo o sangue sendo vital e todos saibam da importância dele no uso em procedimentos hospitalares, até mesmo para saber sobre a própria condição de saúde, adiamos. O tempo passa, os demais afazeres ficam como sendo prioridade e a doação não acontece. Locais de grande concentração e unidades móveis teriam melhores condições de fazer com que as pessoas doassem, pelo menos era essa a impressão que passava nessas campanhas fora do Hemorio, que aconteciam ou acontecem no Largo da Carioca, que é um local aonde transitam muitas pessoas diariamente. É o tipo de coisa que precisa ter um chamado contínuo e, no mínimo, uma vez ao ano pela importância que tem o sangue na vida de todos nós.
Renato Lannes Chagas 

SANGUE

Nada consegue ser tão visível.
Quando ocorre algo terrível.
Os filmes de terror sabem bem disso.
Era facão, era machado…
E tome vermelho para todos os lados.
Tempo em que as crianças literalmente saiam da sala.
Nem precisavam ser convidadas.
Depois crescemos e tudo vira bobagem.
Todos sabem que nada é de verdade.
A começar pelo sangue.
Haja sangue!
Tanto é derramado!
Até o último assassinato!
E depois voltava o misto de zumbi com morto vivo.
E ai dos vivos!
Tão feio era o sujeito, que a máscara era grudada.
Mais que adereço.
Fazia parte já do enredo.
Renato Lannes Chagas

18 de junho dia do Orgulho autista por David Morais 

Sim, o 18 de junho é reconhecido como o Dia do Orgulho Autista (Autism Pride Day). Essa data é uma oportunidade para celebrar a neurodiversidade, promover a conscientização sobre o autismo e combater estigmas. É um momento de valorização das pessoas autistas, promovendo respeito, inclusão e compreensão.
 Orgulho AutistaTer Orgulho
Ser Autista
Com um Sim!
De anuência.
Com um Não!
De advertência.
Sendo literal
Com a família,
Com a sociedade
Como profissional.                                                               
Concomitantemente
Com denúncia,
Informação,
Sensibilização.
Num quebra-cabeça,
Numa ABAção
Da ablação terapêutica.
No infinito
Das infinitudes,
Das diversidades étnico-raciais.
Orgulhosamente,
Em junho.
Inclusivamente,
Em todos os dias.
David Morais
Ativista anticapacitista e antirracista
@davidmorais217 

O mês de junho chegou por Paulo Gnoseplay

Mês de junho chegou. Para muitas pessoas desse “brasilzão” é a data mais importante do ano, até mesmo mais importante do que o Carnaval. Data das festividades juninas, quadrilha, bumba meu boi, dia dos namorados e dos santos Antônio, João e Pedro.

O povo faz muita fogueira, dança, canta, encena, come de montão. Festeja os folguedos numa animação só. Espalham bandeirolas pelas ruas da cidade enfeitando-as de um jeito único. Os homens usam chapéu de palha, camisa social xadrez, calça jeans rasgada e costurada com remendos enormes. As mulheres usam vestido estampado de chita, fazem trança nos cabelos se maquiam, pintam os dentes de presto, eita que é uma festa só.
O povo solta bombinhas, foguetes, a mesa com um banquete de dar inveja, tem canjica, pamonha, cuscuz, milho cozido, pipoca, bolo de fubá, paçoca, arroz doce, maçã do amor, broa de milho, e muitas outras gostosuras.

Num dia desses eu andava pelo centro da cidade e passando pela praça da matriz, vi uma jovem ajoelhada com as mãos juntas segurando um rosário. Ela olhava para um copo d’água e dentro do copo não é que tinha uma imagem de um santo de cabeça para baixo. Me aproximei de mansinho para ver a situação e vi um santo escupido na madeira dentro do copo d’água, era Santo Antônio. A jovem fazia algum pedido ao Santo para arrumar um namorado. Essas coisas acontecem de montão por essas bandas do Brasil.
Dias depois na quermesse de São João Batista, vi a mesma jovem dançando quadrilha alegre com um belo rapaz franzino, ele alvo como a neve, alto como um Vara Pau, parecia um Boneco de Olinda dançando, já a moça era morena da cor de Jambo, baixinha e cheinha, parecia uma índia. Eles pulavam a fogueira na brincadeira de compadre e comadre, alegres. Acho que Santo Antônio realizou o desejo dela.
E o mês de junho encerrando o povo gradecendo pelas chuvas que ajudou na agricultura pela fartura de alimentos. Foram festejar São Pedro lá na capelinha do bairro Batalhão.
E todos alegres gritaram viva Santo Antônio, Viva São João, Viva São Pedro.

 

Fazendo Arte por Rita Cruz

 

Olá, caro leitor!

Aqui estamos mais uma vez para o nosso “Cantinho Fazendo Artes da Revista Poesias e Cartas. Chegamos na metade do ano e o tempo passa rápido demais! Este mês temos muitas festas e comemorações. Já começo anunciando a mais importante delas: meu aniversário, dia 20 de junho…opsss 21 de junho (mas, essa é uma história que deixarei para contar na minha crônica no final desta matéria (risos).
Aqui no nosso artigo, eu sempre trago alguma dica cultural para que você possa aproveitar, e junho é especialmente dedicado às nossas tradicionais festas juninas, por isso antes de trazer as dicas vou falar um pouco sobre a origem delas.
Não há uma data específica, porém a origem das festas juninas está relacionada às tradições pagãs europeias muito antigas, que festejava o solstício de verão no hemisfério norte (por volta de 21 de junho). Essas festas aconteciam muito antes do Cristianismo e nelas os povos celebravam a fertilidade da terra e a colheita, com danças ao redor da fogueira. Com o passar do tempo, essas celebrações foram cristianizadas e passaram a homenagear três santos populares da Igreja Católica: Santo Antônio (13 de junho), São João Batista (24 de junho) e São Pedro (29 de junho) — daí o nome “juninas”, pois ocorrem em junho ou festa de São João como é chamada na região do nordeste.
Aqui no Brasil as festas juninas chegaram no século XVI pelos povos portugueses durante o período colonial e com o tempo se misturaram com elementos das culturas indígenas, africanas e sertanejas. No Nordeste, por exemplo, as festas juninas têm forte influência da cultura do sertão, refletida na música (forró, baião), nas roupas caipiras e nas quadrilhas e em todas as regiões são acompanhadas de muita comida típica como: milho, pamonha, canjica, bolo de fubá, entre outros. E não podem faltar também os trajes caipiras (roupas inspiradas no homem e mulher do campo).
Atualmente essas festas também são representadas através das quermesses, que são realizadas nas igrejas e espaços culturais de diversas cidades do nosso país. Enfim, uma cultura que podemos dizer que é a mais festejada no Brasil.
Desejo que tenha gostado do nosso Cantinho Fazendo Arte e das dicas deste mês. Então aqui vão elas para você curtir estas festas maravilhosas em Ribeirão Preto e região.

Um abraço e até nossa próxima edição!

Rita Cruz

RIBEIRÃO PRETO
Arraiá Mió di Bão

Data e horário: de 30 de maio a 29 de junho. Às sextas-feiras das 18h às 23h30; sábados das 16h às 23h30; domingos e feriados das 15h às 22h.
Local: Estacionamento do Novo Shopping ao lado do parque Gorilão (Avenida Presidente Kennedy, 1500 – Ribeirânia)

 Quermesse Santa Terezinha Doutora
Data e horário: sexta-feira (30/5) e sábado (31/5) e sexta-feira (6/6) e sábado (7/6)
Local: Rua Walter Antunes de Campos – Ribeirânia
Ingressos: entrada gratuita

Informações: https://www.instagram.com/matrizdesantateresinhadoutora/

 Quermesse da Comunidade Nossa Senhora Desatadora dos Nós
Data: 06, 07, 13 e 14
Hora: das 19:30 ás 23h
Local: Rua Manoel Vieira de Carvalho,327 – Jd. Cristo Redentor

Quermesse da Matriz Santa Edwiges
Data: 06, 07, 13 e 14
Hora: 19h às 00h
Local: Av Maestro Alfredo Pires 411 – Jardim Heitor Rigon

Quermesse da Paróquia Nossa Senhora de Lourdes
Data: Todos os sábados
Hora: Início às 19h30
Local: Rua Major Ricardo Guimarães,603 – Parque Ribeirão


Paróquia Santa Maria Goretti
Arraiá da Mariazinha
Data: dia 28
Hora: das 20h às 00h
Local: Rua Vital Brasil, 641 – Vila Virgínia


Paróquia São Francisco de Assis
Tradicional Quermesse da São Francisco
Data: 07, 08, 14, 15, 20, 21, 22, 28 e 29
Hora: a partir das 19h30
Local: Rua São Francisco de Assis, 230 – Castelo Branco


PARÓQUIA DE SANTO ESTEVÃO DIÁCONO
QUERMESSE DE SÃO JOÃO
Data: 06, 07 e 08
Hora: das 20h às 24h
Local:  RUA JAPURÁ, 290 – ALTO DO IPIRANGA

 

Santuário Nossa Senhora do Rosário

Quermesse do Santuário
Data: 07, 14, 21 e 28
Hora: das 19h às 22h
Endereço: Rua Santos Dumont, 592 – Vila Tibério

 

JURUCÊ

Paróquia de São Pedro Jurucê
Festa de São Pedro Jurucê
Data: 06, 07, 13, 14, 20, 21, 27, 28 e 29
Hora: das 19h às 00h. Dia 29 das 12h às 00h
Local: Rua Pedro Albernaz n° 257 – Centro

Informações: https://www.acidadeon.com/tudoep/especiais/rota-do-arraia/ribeirao-preto/rota-do-arraia-em-juruce-a-festa-de-sao-pedro-vai-de-30-de-maio-a-junho-com-muita-musica-ao-vivo/

 

SERTÃOZINHO

Festa de São João
Data e horário: 31/5, e 7, 14, 21 e 28 de junho, a partir das
Local: Praça Hélio Zanini, bairro São João
Ingressos: entrada gratuita

Informações: https://www.instagram.com/paroquia.sjoao/

 

 

 

O Estranho Solitário por Alexandre Braga

A vida é uma batalha diária contra a morte.

— Provérbio Hitaísta.

Foi durante uma viagem pelas Terras Altas — conhecidas como “O Grande Paredão” —, rumo ao Campeonato Intergaláctico de Esportes de Inverno.
Após assistir ao telejornal, sem deixar escapar nenhuma das mais atualizadas notícias do torneio, Corunir estacionou o carro no que parecia ser o único ponto de abastecimento de uma daquelas estradas desertas da região, perto do hotel onde se hospedavam. Desceu e entrou naquele bar, balançando o gongo, que soou quando a porta foi aberta.
O estabelecimento era à luz de velas. Encravado na encosta de uma montanha, abrigava os primeiros suspiros de vida racional daquela pequena localidade. Modesto, tinha um aspecto sombrio e desgastado, mas continha exatamente o que precisava. Pediu um café expresso e saiu à procura de uma mesa vazia, quando ouviu uma voz.
— Ei, psiu, gostaria de jogar Klidelvol?
Virou-se e avistou um rapaz sentado a uma mesa lá atrás, no fundo do estabelecimento.
— Pois não? — Aproximou-se.
— Aceita jogar Klidelvol?
O rapaz era baixo e franzino. Cabelos desgrenhados. Roupas sujas e desbotadas. Voz fina.
Tinha a impressão de que o conhecia de algum lugar.
Seria no telejornal?
— Aceito — respondeu Corunir, ocupando a cadeira vazia disposta em frente a ele. — Qual o nível?

— Seis.
— Seis?! — berrou Corunir, e se deu conta de que havia atraído a atenção do bar inteiro. — Me desculpem. — O rubor cobriu-lhe a face.
Foi preciso algum tempo para as pessoas no bar voltarem à normalidade.


— O senhor topa jogar?
Corunir hesitou um tempo, mas aceitou. Não era de recusar apostas quando estas eram feitas, embora soubesse que agora todo o seu patrimônio estava em risco. Seis era o nível máximo da aposta.
O rapaz então arremessou o dado.
Três.
É, nada mal.
— É a vez do senhor agora.

Corunir fez a sua jogada.
Cinco.
— Vai, o senhor começa.
Corunir sorriu, e iniciou a rodada.
Seis.
— Seis?! — O rapaz entrou em estado de perplexidade.
— Sim. — Impulsionado por uma empolgação incomum, Corunir repassou-lhe o dado, e ele fez a segunda jogada.
Três.
— Sua vez de novo. — Parecendo agora um pouco preocupado, o rapaz rebolou o dado na mesa, que quicou até chegar a ele.
Corunir fez a terceira jogada.
Três.
Merda!
Dali em diante, a sorte já não estava mais com ele, ao passo que o rapaz tirou seis nas duas jogadas seguintes, ganhando a partida.

— Vai me pagar agora ou arrisca mais uma partida para recuperar a dívida?
— Arrisco mais uma partida!
E continuaram a jogar. Não só uma partida, mas várias, e Corunir perdeu todas.
Se fosse supersticioso, diria que a chegada do café lhe trouxera um mar de azar, mas, como não era, ficou foi com raiva de si mesmo por ter embarcado naquela jornada sem volta.
— Mas eu não tenho como pagar isso! — protestou.
— Então me ceda alguns de seus bens.
— Eu não vou ceder meus bens! Eles não valem isso tudo! — E atraiu a atenção do bar inteiro de novo ao falar isso.
— Melhor a gente conversar lá fora — aconselhou o rapaz.
Meio constrangido, Corunir concordou.
Pagaram a conta pelo telec e saíram, caminhando lado a lado pela estrada deserta.
— Só tem uma outra maneira de o senhor pagar essa dívida.
— E qual é?
Algo estranho parecia ter acometido o rapaz, quando Corunir o encarou mais de perto.
Seus olhos mudaram de cor; do castanho, foram para um vermelho cegante.
Ele respondeu com uma voz que não parecia sua, mas emanava da sua mente plenamente consciente:
— Sacrifício humano. Alguém terá que morrer.
Pelas Barbas de Aalenir, um adraguista!
Corunir tateou a kadraga embainhada com força, mas o rapaz já preparava o ataque. Não dava tempo de fazer nada.

Misericórdia!
Retomou o caminho pela estrada o mais depressa possível, entrou no carro e trancou a porta, arfante.

Pelas Lágrimas de Aalenur! O que foi aquilo?!
Mirou o painel.

A estrada se estendia deserta à retaguarda, até se perder de vista no horizonte.
Não havia nenhum sinal de perseguição por perto: o adraguista não tinha estado na sua cola; havia desaparecido. Escondia-se em algum lugar, ou então era pouco veloz.
Corunir respirou fundo.
A segunda opção era um tanto improvável, conveniente demais. Descartou a possibilidade imediatamente, embora soubesse que, no fundo, adraguistas fossem naturalmente covardes, incapazes de superar suas frustrações.
“Se eu fracassei, todos devem fracassar!’’, era o pensamento. Por isso, recorriam ao Inimigo.
Corunir lembrou-se dos versos que sua mãe costumava lhe recitar, quando criança:

MATÉRIA-PRIMA

 O escultor tem a argila;
o desenhista tem o lápis.
O pintor tem a tinta;
o escritor tem as palavras.

O músico tem o som;
o Divino, cada partitura, cada material,
tangível ou intangível 
cada átomo que constitui o multiverso.

Adrag, o predador de átomos, era o oposto de Hito e Hita, os Dois Que São Um. Mas algo precisava existir previamente para ser devorado, não precisava?
Corunir desembainhou a kadraga e saltou do carro, a coragem revigorando.
— Vamos, vamos! Apareça! Apareça! Apareça! Apareça e seja homem pelo menos uma vez na vida! — vociferou.
Mas a arma em suas mãos continuava apontando para o nada, e assim permaneceu nos próximos minutos.
Ele repetiu:
— Vamos! Apareça! Apareça! Apareça! Apareça, vamos! Seja homem pelo menos uma vez na vida, por favor!
Diante disso, um ranger de porta se abrindo. Seguindo por um som de rasgo e um grito agonizante, que logo foram abafados, como se um animal acabasse de ser inteiramente dilacerado por uma enorme fera, ao fim de uma longa noite de caçada.
Adrag estava satisfeito. O sacrifício de Corunir havia terminado.

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